domingo, 28 de dezembro de 2008

Zé Povinho

A Fábrica de Faianças Artísticas Bordallo Pinheiro, que existe nas Caldas da Rainha desde 1884, atravessa dias negros.

Não sendo a primeira dificuldade preocupante da sua existência (as primeiras crises são contemporâneas do próprio Raphael Bordallo Pinheiro), afigura-se uma das mais graves. Em comunicado aos 170 funcionários, enitido na passada Sexta-feira, a administração sugere-lhes que peçam por sua própria iniciativa a suspensão dos respectivos contratos.

A administração planeia reduzír drasticamente a actividade já a partir de 2 de Janeiro, com a justificação de que não tem encomendas para 2009, estando já em causa a capacidade de pagamento dos salários do próximo mês de Janeiro.

Do vasto patrimónuio da empresa fazem parte instalações fabris, lojas no parque industrial e no centro da cidade das Caldas da Rainha, a que se soma um restaurante e um museu.
Se é certo que a insuperável importância de Zé Povinho (a obra máxima da Caricatura Portuguesa) se deve à sua existência gráfica, nos sucessivos jornais de Bordallo, a vedade é que a sua popularização junto de camadas da sociedade pouco habituadas à leitura de jornais (afinal aquelas que o Zé melhor incorpora) se fica a dever às figurinhas de cerâmica onde o ícone português passou a conhecer as três dimensões da vida. Aliás acompanhado de vasta galeria de estatuetas, a que se soma uma enormidade de faianças de cunho hiper-realista que nos revelou outro Bordallo.

Por tudo isto, é impensável acreditar que a Fábrica de Faiaças Artísticas Bordallo Pinheiro possa encerrar. O peso do nome que ostenta, somado à sua históica laboração contínua durante 124 anos e ao facto de a sua localização ser previligiadamente propícia para se inserir numa redinamização do Turismo do Oeste que urge concretizar, são factores determinantes. Aliás, tenhamos em conta que uma não pequena parcela das carectérísticas acolhedores da cidade das Caldas da Rainha se deve a esta unidade fabril; incluindo algumas das características da decoração arquitectónica da urbe.

Fábrica Bordallo Pinheiro e Hospital Termal são dois expoentes iconográficos caldenses, afinal ambos a passar por tempos de apagamento.

Mais dados em Buraco da Fechadura.

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